Cesário Verde e o Romantismo vs Realismo

José Joaquim Cesário Verde foi um poeta português do século XIX, considerado um dos pioneiros da poesia que seria feita em Portugal do século XX. 
A literatura portuguesa do século XIX era caracterizada por ser romântica, o romantismo foi um movimento artístico, político e filosófico surgido nas últimas décadas do século XVIII. É caracterizado por ter uma visão oposta do realismo, isto é, extremamente sentimental, egocêntrico, subjetivo, ideliazado e a admiração ao exotismo e à Idade Média. 
Caminhante sobre o mar de névoa de Caspar David Friderich. O "eu" solitário e o herói romântico característico do romantismo. 

O realismo foi outro movimento surgido nas últimas décadas do século XIX na Europa, época marcada pela artificialidade, formalidade e exageros típicos do romantismo. Em uma sociedade emergida pela sentimentalidade mórbida e a religiosidade, surge um movimento contrário. 
O princípio do realismo era representar a realidade, não importa se o assunto fosse feio ou bonito contra os excessos de imaginação e idealização da arte romântica. 
Este movimento aparece no momento em que ocorre as primeiras lutas sociais na Europa. O herói romântico é substituído pelas personagens do dia a dia, privilegia as cenas quotidianas, várias realidades como a pobreza e as más condições, ao contrário do romântico que sentia a nostalgia do passado, o realista dá mais importância ao futuro. O naturalismo é uma corrente que está associada ao realismo, onde os temas são a natureza, a razão, os fatos observáveis, a linguagem direta e representa a mulher com os seus defeitos e qualidades.
Pintura realista. As respigadoras de Jean-François Millet
Outra pintura realista. Carruagem de terceira classe de Honoré Daumier

Cesário Verde não foi um poeta muito prestigiado porque o público não gostava da sua poesia, porém hoje podemos ver que é um dos melhores poetas portugueses do século XIX. 
A sua poesia é caracterizada pelo binómio cidade/campo, para Cesário o campo é um espaço de vida saudável, alegria e beleza. A cidade é representa pelas ruas esburacadas, edifícios cinzentos e sujos e fala de personagens do quotidiano citadino como padeiros cobertos de farinha, as engomadeiras tísicas e as burguesas.

Campo de trigo com ciprestes, Vicent Van Gogh
A Engomadeira, Pablo Picasso
Nesses dois espaços, a cidade maldita está associada à mulher fatal, fria, calculista, madura, dominadora e sem sentimentos, e surge outro tipo feminino que é frágil, terno e ingénuo: "A ti, que és bela, frágil e assustada..." como está presente no poema "Débil." A mulher do campo tem características diferentes, são sempre feias, pobres, ás vezes doentes ou em esforço físico, Cesário admira mulheres trabalhadoras. 

Ana de Áustria, Jean de Saint-Igny
A rapariga com cesto ao ombro, Teresa de Saldanha

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